hospedeiros
caninos, mas principalmente por possuir especificidade
restrita ao cão doméstico.
Em
conseqüência, nota-se que os cães podem
sofrer infestações maciças por R.sanguineus. O fato
de apresentarem de 2 a 3 gerações por ano e de poderem completar
seu ciclo
de vida tanto em ambiente domiciliar como peridomiciliar,
faz com que as populações do parasito, no ambiente,
também
possam atingir níveis insuportáveis em pouco tempo.
Com
hábitos nidícolas, as formas de vida livre do carrapato
procuram em locais abrigados (no interior de canis,
em fendas e buracos nas paredes, atrás de quadros e de móveis,
etc.).
O R.sanguineus é vetor de diversos patógenos
de
importância para
os cães, incluindo os agentes da babesiose, da hemobartolenose,
da hepatozoonose e da erliquiose. Particularmente
no que diz respeito à babesiose e à erliquiose, comuns em
cães
no nosso país, o único vetor, comprovado cientificamente,
é o R.sanguineus. Logo, presume-se que os casos de
babesiose e de erliquiose devem estar concentrados em cães
urbanos,
a não ser em outras situações, quando cães no meio
rural são criados em instalações fechadas, como no meio
urbano,
favorecendo o estabelecimento de populações de R.sanguineus.
Já no meio rural, onde os cães vivem geralmente soltos
e têm livre acesso às matas, os carrapatos prevalentes
são os do gênero Amblyomma, particularmente Amblyomma
aureolatum, Amblyomma ovale, Amblyomma brasiliense,
Amblyomma tigrinum
e Amblyomma cajennense. Entretanto, há locais em que
os cães assumem um importante papel epidemiológico no
ciclo
desses carrapatos, dada a sua alta exposição, suscetibilidade
às infestações pelas espécies citadas e possibilidade
de transporte desses carrapatos – alguns deles comprovadamente
transmissores de zoonoses – para o interior das residências.
Nesse aspecto, a literatura brasileira reporta achados
de
exemplares das espécies A.cajennense, A.aureolatum
e A.brasiliense naturalmente infectados pela Rickettsia
rickettsii, bactéria
autóctone das Américas e produtora da febre maculosa,
zoonose que possibilita a circulação do microorganismo
entre carrapatos e mamíferos silvestres, em ecossistema
independente do homem.
Dentre os animais domésticos, apenas os cães apresentam
alguma suscetibilidade à doença.
Porém,
como animais de estimação, podem contribuir indiretamente
para a disseminação
da febre maculosa, ao transportarem carrapatos previamente
infectados, que neles se alimentam, para o interior
das residências. Deve-se considerar a possibilidade
de que
os cães no meio rural, constantemente expostos aos
carrapatos do gênero Amblyomma e muita vezes atendidos
em clínicas
veterinárias com um possível quadro clínico de erliquiose,
apresentem, na realidade, o quadro clínico de febre
maculosa.No ambiente rural, muitas vezes, os cães
são mantidos presos em canis durante o dia e soltos
durante a noite. Nesses casos,
não são raros o encontro de populações mistas de
R. sanguineus e de Amblyomma spp sobre os animais.
Para que nossos amigos
de pelôs não adoeçam e não provoquem dores de cabeça
é salutar a utilização constante de carrapaticidas
de aplicação
tópica
e freqüente, evitando assim infestações. Também
se faz interessante uma inspeção após cada passeio
em áreas de
risco a fim de
minimizar ou banir a possibilidade de migração destes
parasitas para o ambiente domiciliar!